Circulando com os meninos: participação e aprendizado da criança Xakriabá na exploração do território e da atividade da caça

Rogério Correia da Silva

Resumo


O presente artigo é parte da pesquisa que buscou investigara infância vivida pelas crianças indígenas Xakriabá, caracterizando associabilidades e aprendizados que confi guram sua educação, especifi -camente a vivência cotidiana em seu grupo familiar e sua participaçãonas atividades do grupo. Os Xakriabá habitam a região sudeste dopaís ao norte do Estado de Minas Gerais, com aproximadamente oitomil pessoas, constituindo a maior população indígena do estado. Significativas mudanças nos últimos anos contribuíram para o aumentode sua população, sendo mais da metade composta por crianças ejovens. Elegemos a circulação das crianças pelo território indígenacomo fi o condutor de nossa descrição etnográfi ca sobre a infância dosmeninos Xakriabá. As trilhas e estradas da Terra Indígena nas quaisadultos e crianças circulavam diariamente eram marcadas por umacoexistência pacífi ca ou não com os não humanos como os espíritosdos mortos (as aleivosias), os seres encantados e as cobras. Para ascrianças, acrescentaríamos que o caminhar pelo território tambémera marcado pela tensão na convivência com os cachorros, deixandotransparecer aos olhos do pesquisador a relação de distância ou proximidadedas crianças com os moradores das casas a que pertenciamos animais. A circulação das crianças pela aldeia constitui um temade estudo da infância indígena que ganha novos matizes à medidaque vamos conhecendo aspectos sociais relacionados à educação dacriança nos diversos grupos indígenas. É acompanhando os meninosacima de 10 anos em suas caminhadas pela terra indígena que vamosidentifi cando os espaços e as diversas atividades de que participam.Faremos a leitura dessa circulação, participação e aprendizados dascrianças num estreito diálogo com teorias (LAVE; WENGER, 2003;ROGOFF et al, 2004; INGOLD, 2001), que tratam de processos de aprendizagem de práticas sociais. A caçada constitui uma prática que, apesar dereduzida, contraria toda uma tendência de entrada no território de bens culturais domundo não índio, estabelecendo assim fortes referências (junto com o trabalho naroça) na constituição identitária do grupo.Palavras-chave: crianças indígenas; aprendizagem; participação; antropologia; caçadas.

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DOI: http://dx.doi.org/10.20435/tellus.v0i25.330

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ISSN Impresso: 1519-9452 - até TELLUS ano 14, n. 27, jul./dez. 2014
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