O feto agressivo, parto, formação da pessoa e mito-história nos Andes
Resumo
Partindo de um estudo etnográfico e linguístico sobre a mortalidade materna na Bolívia, este trabalho etno-obstétrico trata da concepção, da gestação e do parto em uma comunidade falante de quéchua, em Potosí. Analisa o paralelismo estabelecido entre a formação recente da pessoa e as origens mito-históricas da sociedade. A substância pagã pré-hispânica flui constantemente para uma sociedade de conversos, dando realidade ao conceito jurídico do “índio originário”. Propõe-se superar a oposição entre as interpretações “essencialistas” e “hibridistas” da sociedade indígena,ao mostrar que o “originário” necessariamente se constroi pelos aldeões como “essencial”, porém, sem por isso negar sua constante transformação histórica. Os ritos de separação do “feto agressivo” da mãe também estabelecem perguntas aos psicanalistas sobre a influência que podem ter as experiências perinatais sobre a formação individual em diferentes contextos históricos e culturais.
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ISSN Impresso: 1519-9452 - até TELLUS ano 14, n. 27, jul./dez. 2014
ISSN Eletrônico: 2359-1943