Autobiografia e liderança indígena no Brasil

Oscar Calavia Sáez

Resumo


A autobiografia é um tema quase inédito na etnologia indígena brasileira. As idéias sobre os índios no Brasil, seja no âmbito acadêmico seja no domínio jurídico seja no imaginário popular, excluem as formas individuais: os sujeitos indígenas devem ser coletivos. Mas o movimento indígena brasileiro está presenciando, há anos, a aparição de novos líderes que estabelecem novas alianças políticas e novos modos de legitimação, e que vão incluindo a primeira pessoa do singular nos seus discursos, feitos predominantemente em nome de um coletivo. Esses líderes começaram também a escrever ou a ditar memórias pessoais, e mesmo autobiografias propriamente ditas. Neste artigo, apresentarei quatro exemplos muito diferentes desta tendência: as narrações de um líder Yaminawa, de um xamã e porta-voz Yanomami, de um professor, ator e ex-cacique Guarani e de um sacerdote católico Tuyuka. Além de questões óbvias como a origem étnica de cada narrador, o tamanho ou a estrutura dos relatos ou o modo em que eles foram colhidos, argumentarei que a principal diferença entre eles está no modo em que o sujeito autobiográfico se situa no cenário local e global. Cada narração retrata seu autor como índio, e o faz de modos diferentes, devido às diversas relações entre índios e brancos que definem esses termos em cada caso.

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DOI: http://dx.doi.org/10.20435/tellus.v0i12.129

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ISSN Impresso: 1519-9452 - até TELLUS ano 14, n. 27, jul./dez. 2014
ISSN Eletrônico: 2359-1943